ARTIGOS
Cuidador do Idoso
Dra. Filipa Marques, Licenciada em Gerontologia
Data: Abril, 2010
Desde os anos 60, em Portugal, tem-se assistido a um gradual incremento dos cuidados comunitários. Dada a actualidade do fenómeno do envelhecimento demográfico, houve uma maior preocupação e necessidade de implementação de novos conhecimentos, novas estratégias, novos cuidados relativamente a pessoa idosa.
A velhice, assim como todo o processo de envelhecimento, merecem uma reflexão actualizada em paralelo com o aparecimento de novos estilos de vida que acompanham os avanços da cultura na nossa sociedade.
O cuidador de idosos, tornou-se assim essencial na sociedade e na vida do próprio idoso e da sua família. Este presta cuidados básicos e serviços a esta população com o objectivo primordial de aumentar a qualidade de vida e autonomia destes mesmos.
Antes de tudo, as actividades que o cuidador realiza devem ser planeadas junto dos vários profissionais e familiares do idoso. No planeamento devem ficar claras todas as actividades que o cuidador deve desempenhar, as suas rotinas, quem são os responsáveis pelas tarefas e os procedimentos que não se deve nem se podem ter. As acções são planeadas e executadas de acordo com as necessidades de cada pessoa e dos conhecimentos e disponibilidade do cuidador.
Perfil do cuidador de idosos
Cuidar dos idosos é um acto complexo e é, por norma, emocionalmente difícil para o que cuida. O cuidador é um ser humano de qualidades especiais, devendo este obter conhecimentos geriátricos para um melhor desempenho da sua função e conter uma estrutura emocional forte, de solidariedade, afecto, amor, carinho, respeito, humildade por quem cuida.
A função do cuidador é acompanhar e auxiliar a pessoa idosa, fazendo por ela apenas e somente as actividades que esta é incapaz de exercer, logo, a função deste varia Numa perspectiva mais ampla, o cuidador não é apenas aquele que presta serviços de higiene, conforto e auxílio, ou seja, as funções do mesmo ultrapassam o simples acompanhamento das AVDS (actividades da vida diária).
É fundamental que este englobe outros aspectos tão importantes como o dos cuidados básicos de saúde, higiene e conforto. São estes: criar laços de amor, ser compreensivo e paciente, pois não se pode esquecer que o idoso tem reacções e comportamentos que podem dificultar o cuidado prestado. O cuidador deve funcionar como um elo entre o idoso, a família e a equipa de saúde, deve procurar estimular o contacto social, usar o seu senso de humor, manter o idoso informado de tudo o que se passa em seu redor, promover o envelhecimento activo (ajudar na locomoção, estimular actividades de lazer, de exercício físico etc.), comunicar mudanças físicas e psíquicas que tenham visualizado no idoso (desde malformações, dores sentidas pelo mesmo, sentimentos de depressão, mudanças comportamentais, etc.), realizar mudanças de posicionamento no leito e/ou na cadeira, fazer massagens de conforto etc.
Para além de tudo isto, o cuidador não se deve esquecer de estabelecer tempo para si próprio, pedir ajuda sempre que haja necessidade de cuidar de si, para poder estar bem com o outro, visto que o stress pessoal e emocional para o cuidador é bastante elevado.
De uma forma geral, o cuidador de idosos tem um trabalho amplo e complexo, não exerce apenas cuidados básicos como higiene, conforto, auxilio nas AVDS. Este tem de estar sensibilizado e preparado para exercer as suas funções, deve ter gosto pelo seu trabalho e por quem vai cuidar. É um profissional que em conjunto com uma equipa multidisciplinar efectua um trabalho de muita responsabilidade e rigor, sendo esta parceria importante na sistematização das tarefas dando privilégio à promoção da saúde e do envelhecimento activo, à prevenção de incapacidades e manutenção da capacidade funcional e psicológica do idoso.
Dra. Filipa Marques, Licenciada em Gerontologia pelo Instituto Politécnico de Bragança - Escola Superior de Saúde
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